“-Vocês conhecem histórias tradicionais?” Os alunos começaram a responder: “-Caldo de Pedra -”. “- Muito bem! E sabes quem é o seu autor?” “-Que não”- disse um jovem. “-E quem ta contou?” Já não sabia.
António Fontinha, contador de histórias tradicionais portuguesas, esteve no Agrupamento de Escolas Maria Alberta Menéres, nos dias dezoito e vinte e cinco de Janeiro, a animar sessões com alunos do 7º e 8ºanos.
Apesar de os alunos saberem ao que iam (alguns até tinham lido a reportagem da revista “Única” do Expresso sobre contadores de histórias, de 16 de Janeiro de 2010), os alunos foram, pouco a pouco, deixando que o envolvimento do fantástico tomasse conta deles.
“-Vocês sabem que os contos tradicionais portugueses são muito pouco conhecidos?” E a história começou.
E a história continuou.
E a história acabava com agrado, depois de uma narração com trejeitos de diversas personagens, variações de voz (dando vozes), marcas de espanto e de surpresa, numa pluralidade sobre o palco a partir de um actor apenas, aquele mesmo, António Fontinha.
Depois, foram as adivinhas. Da mais simples à mais complexa. “As adivinhas são sempre exactas.” E Fontinha demonstrava, explicando e fazendo concordar os passos da adivinha com as características da solução. E alguns, usando a lógica que sabiam, alvitravam soluções. E alguns até acertaram.
Foi uma sessão em cheio!!.
Professoras responsáveis pela actividade:
Ana Raquel Rodrigues, Ana Teresa Neto e Maria Manuel Polme
ENTREVISTA A ANTÓNIO FONTINHA
1. Escolheu Ser contador de histórias. Qual a razão desta sua opção?
Fontinha: A minha opção desta escolha não tem uma explicação específica para esta questão.
2. Faz desta escolha a sua única profissão?
F: Sim. Faço como a minha única profissão.
3. Houve alguém que o influenciou? Algum familiar?
F: Não. Não houve nenhum familiar que me influenciou esta minha profissão.
4. Há quanto tempo é Contador de Histórias?
F: Sou contador de histórias desde 1992, mas sigo como profissão em 1996.
5. Como é que sabe tantos contos?
F: Bem, não sei por onde começar, mas sei tantos contos. Eu gosto de pesquisar e ir à fonte, entrevisto pessoas mais velhas, viajando para outros lugares, lendo e fazendo várias pesquisas.
6. Conta-os com tanto entusiasmo que nós ficamos vidrados na história! Como é que consegue?
F : Não sei explicar como que consigo contar os contos com tanto entusiasmo, mas se nós demonstramos realmente interesse pelo que fazemos, com certeza conseguiremos transmitir o que sentimos através do conto e de vários outros elementos.
7. Há pouco tempo vimo-lo na RTP2 a contar uma história. Pode contar-nos como surgiu essa oportunidade?
F: A autora da ideia que resultou no 'Vamos Ouvir', Teresa Paixão, telefonou-me e eu aceitei gravar um conto, a ver no que dava isso de contar para o 'vidrinho'…
8. Deve ser diferente contar histórias na televisão. Havia público a assistir?
F: Realmente é diferente contar histórias na televisão, pois não havia público a assistir.
9. Prefere fazer o seu trabalho na “caixa mágica” (televisão) ou com o contacto com o público?
F: Há uma grande diferença contar histórias na televisão e com o público, a diferença entre um e o outro é que na TV há três câmaras à minha frente e tenho que fica sempre a mexer e voltar-me para a câmara que está a filmar.
Eu prefiro ter contacto com o público, porque posso conversar com as pessoas, tirar as dúvidas e até aproveitar o que o público vai dizendo...
10. Tem um conto de eleição? Pode dizer-nos qual é?
F: Não, eu não tenho conto de eleição.
11. Gostaríamos de saber ainda como é que faz a pesquisa dos contos. Vai directamente à fonte, ou seja às pessoas, ou lê em antologias?
F: Eu vou directamente à fonte, ou seja, procuro as pessoas mais velhas e são elas as minhas informantes. São elas que me contam os contos menos conhecidos. Também leio vários livros e não me canso de fazer pesquisas e mais pesquisas.
Muito obrigada. Foi um prazer ouvi-lo contar histórias da nossa literatura tradicional.
As entrevistadoras,
Évila Silva e Vera João do 7º D
As 3 Cidras
Há muito muito tempo, havia uma rainha que sempre desejou ter um filhou, mas nunca o conseguiu ter. A rainha rezava todas as noites para concretizar o seu desejo, até que um dia prometeu fazer uma grande festa (para todos os grupos sociais) se Deus realizasse o seu desejo.
Passado algum tempo, a rainha ficou grávida e nasceu um rapaz valente.
Há medida que os anos iam passando o jovem príncipe já um homem, era muito corajoso e forte.
Durante muitos anos, a rainha esquecera-se da sua promessa e nunca se lembrara da festa.
Passado um tempo, o rei e a rainha começaram a observar um comportamento estranho no rapaz. Começou a estar muito distante e já quase que não se interessava pelas raparigas. A mãe já muito preocupada com o estado do filho foi-lhe perguntar o que lhe fazia sentir daquela maneira e ele disse-lhe:
- Minha mãe é que tenho tido sem o mesmo sonho. Um sonho muito estranho, vária gente muito barulho, e vou dar sempre com um bêbado à frente da minha porta.
A rainha de repente lembrou-se do seu juramento e foi pedir ao seu rei que realizasse uma festa para toda a gente, nobres, povo e mais outras pessoas. Assim foi e no meio da festa toda o príncipe aproveitou para fazer uma partida a uma velhota que andava na praça do azeite e fartou-se de rir, mas a velha zangada disse:
-Procuras o teu amor. Vai até ao celeiro amanhã leva o cavalo que estiver cá fora mas não o controles pois ele levar-te-á até um jardim que está guardado por dois ladrões e tenta-lhes arrancar do jardim as três.
Na manhã seguinte, foi até ao celeiro e viu o cavalo. Montou-se nele e começou a cavalgada.
Quando chegou viu que não eram dois ladrões mas sim dois leões. Mesmo assim, conseguiu sair dali com as cidras.
O príncipe, a meio da cavalgada de regresso a casa ficou com sede, abriu duas das três cidras e delas saíram duas lindas mulheres, a pedir que lhes dessem água. O príncipe, pensando que eram miragens, ignorou, porém pensou que talvez o cavalo o pudesse levar até à água. Assim foi, o cavalo levou-o até a uma fonte, e lá ele abriu a terceira cidra de onde também saiu uma mulher muito bonita. Ainda mais bonita que as outras. Ela pedia água e ele deu-lha. De repente, a cidra transformou-se na tal mulher e o príncipe surpreendido ficou a olhar pois a mulher saiu de lado nenhum.
O rapaz levou-a para debaixo de uma árvore, deu-lhe sua capa e disse-lhe para a subir, depois avisou-a que ia buscar um vestido para ela ao seu reino e começou a cavalgar outra vez. Passado um tempo passa por lá uma velha e vê a mulher lá em cima e chama-a dizendo:
-Minha menina, anda cá para baixo. Não tenhas medo~, só te quero fazer uma trança.
Assim foi a rapariga desceu da árvore. Enquanto a velha lhe fazia a trança, espetou-lhe uma agulha na cabeça e de repente a rapariga transformou-se numa pomba e a velha numa linda donzela.
Quando o príncipe chegou, não estranhou nada, pois a velha transformada estava com a sua capa e ele tinha a certeza que era a mesma. Chegando ao reino, o rapaz disse a seu pai que tinha encontrado o seu verdadeiro amor e se queria casar com ela.
O seu desejo foi concedido e casaram-se pouco tempo depois, mas ele, não sabendo porquê, lembrava-se e sonhava com a outra mulher, que não era aquela com ele partilhava a cama.
Passado uns tempos, numa manhã , o príncipe fora falar com o seu hortelão e perguntou-lhe:
- Bom dia! Como estais você e vossa família?
- Comemos e bebemos. – Respondeu o hortelão.
- Porque é que está com essa cara? – Perguntou novamente o rapaz.
- Por causa de uma pomba.
- Uma pomba? – Diz o príncipe surpreendido.
-Não é uma pomba qualquer, é uma pomba falante - Diz o hortelão.
-Ah! Isso a mim não me surpreende, depois do que passei. Olha traz-me lá essa tal pomba. – Responde o príncipe.
O hortelão trouxe-a e o príncipe reparou que ela tinha uma agulha na cabeça, retirou-a e logo a seguir a pomba transformou-se na donzela que ele havia visto a sair da cidra. Mas também nesse momento, ouviu-se um grande grito vindo dos aposentos do príncipe. Ele correu para lá e viu um esqueleto no seu quarto, o cadáver da bruxa.
A partir desse momento ele casou-se com a outra e viveram felizes para sempre.
Fim
Contributo do 7ºC
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